Certos trabalhos não têm preço porque são investimentos.

Quando um trabalho chega para ser criado é recebido com tanto prazer que nem dá para disfarçar o amor por comunicação. Já na leitura do briefing a minha cabeça começa a trazer lembranças das campanhas geniais que o Washington Olivetto criou para a Bombril, Cofap, entre outras que não saem da memória dos brasileiros até hoje. O processo de criar faz a gente reviver tudo que já vivemos. Lembro dos índios que conheci no centro da Amazônia selvagem que me ensinaram que a diversidade da vida também é verde. Lembro dos povos nativos que abracei pelas aldeias africanas que me surpreenderam com sua democracia que funciona. Lembro do livro sobre aviação que não tem nada a ver com propaganda, mas me ensinou tanta coisa sobre a indústria aérea que esse conhecimento me salvou quando precisei ir para uma reunião de trabalho com o diretor da Taag Empresa Aérea Angolana. Lembro do olhar da Monalisa no Louvre que me inspirou criar campanhas de carros, e dos galopes do camelo na Capadócia que me deram o flash criativo que tanto estava procurando no cérebro para elaborar a campanha publicitária sobre o mosquito da dengue. Todo trabalho de criação é assim mesmo; faz a gente lembrar da cultura do povo e por onde já andamos nesse mundão afora.

E quando isso acontece me vem na cabeça a imagem dos passos que dei no desfile da Sapucaí com tanta gente feliz sem culpa de não ser. E por outras cidades me lembro das vilas simples por onde passei de bicicleta entre o povo de chinelo na rua, mas com rosto alegre e falando com jeito que só gente assim sabe falar. Eu lembro sim, claro que lembro da pipoca no cinema que comi sem sal porque havia perdido o sachê no escuro, assim como também lembro dos livros na Nobel que eu lia lá mesmo para não precisar comprá-los. Lembro das experiências com transatlânticos pelo Caribe ao meio dos aglomerados de pessoas de todas as classes sociais e sotaques desiguais. São tantas coisas que o trabalho de criar nos faz lembrar, que se não fosse a convivência de verdade com os diversos cenários da vida, seria quase impossível criar anúncios para todo mundo entender a ideia e comprar o produto. Seria também difícil construir marcas para tanta gente diferente valorizar e seguir ao mesmo tempo. Criar é humano, faz parte da vida, e nunca o algarismo da tecnologia vai tirar de cena esse dom da criatura. Espero pelo seu briefing.


Entrelinhas:

No marketing digital ser multidisciplinar não é uma escolha, é uma das melhores maneiras que existe, ou talvez a única, de obter visão alargada sobre os aspectos do mercado online. Mas independente dos conhecimentos de mercados ou tecnologias, eu não abro mão de uma grande ideia presente nos trabalhos levados aos leitores. Refém das campanhas encantadoras que divertem pessoas, eu acredito que a ideia tem o poder de transformar as coisas. Adoro o universo do marketing digital, principalmente o inteligente, porque ele abre oportunidades para empresas, pessoas e ajuda o público alcançar produtos sem precisar esticar o braço.

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A criatividade coloca alegria na trajetória do consumidor, e quem não gosta disso?
O bom uso das palavras populares bem combinadas aos aspectos culturais do povo, se bem usadas na comunicação do marketing digital, elas geram ideias que quebram gelos entre pessoas e novas experiências. Toda grande ideia de comunicação que consegue estabelecer intimidade entre quem vende e quem compra trás recompensas. Por isso que, sempre, eu defendo primeiro a criatividade falada e escrita. O que é bom agrada, diverte pessoas e fica mais tempo na memória do público. Coisas lembradas vendem sempre e sobra mais dinheiro para investir ou guardar.

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